Certo dia, ao chegar ao escritório, Ana cumprimentou seus companheiros de trabalho com o costumeiro “Bom dia” e deu um rápido sorriso. Seus companheiros se entreolhavam e acharam estranha sua atitude e entre um cochicho e outro, Ana ouvia em meio ao barulho do departamento.
— O que aconteceu com ela? — indagou o curioso
— Não sei, mas ela está diferente, parece até mais bonita — retrucou o cafajeste
— Deve ter visto um passarinho verde — arrematou a indiscreta falando mais alto que todos.
Todos riram e Ana ouviu, corou e nada disse.
No dia seguinte, Ana sorriu ao dizer bom dia e ainda cantarolou durante o expediente.
— Esse tal passarinho verde deve ser um gato! — gritou a indiscreta
Todos riram e Ana ouviu, corou e nada disse.
No outro dia, Ana sorriu ao dizer bom dia, cantarolou durante o expediente e ainda penetrou em algumas conversas paralelas.
— Esse tal passarinho deve um espetáculo — gritou mais uma vez a indiscreta
E os dias se passaram, Ana permanecia diferente e os comentários continuavam, até que um dia, Ana chegou ao escritório mais radiante do que o nunca. Sorriu ao dizer bom dia, cantarolou durante o expediente, penetrou em algumas conversas paralelas e ainda chamou seus companheiros para tomarem uma cerveja.
A corajosa, que não se aguentava ,falou dessa vez mais alto do que nunca:
— Mas esse passarinho verde deve ser, alto, loiro, bonito e rico!
Antes de todos começarem a rir, Ana ouviu, corou e disse:
— Melhor! Descobri que o tal do passarinho verde nada mais é que um urubu preto, feio e sem a menor graça.
Todos ouviram, coraram e nada disseram.
E depois disso, Ana nunca mais ouviu nenhum comentário aviário.
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